Fonte:Nibley:Church News:29 Julho 1961:De que outra forma uma citação escritura se não física?

Revisão em 20h17min de 27 de junho de 2017 por FairMormonBot (Discussão | contribs) (Robô: Substituição de texto automática (-{{fonte\n\|título=(.*)\n\|categoria=(.*)\n}} +{{FairMormon}}))
(dif) ← Revisão anterior | Revisão atual (dif) | Revisão seguinte → (dif)

Índice

Hugh Nibley: "Quanto as passagens ‘retiradas na íntegra da Versão do Rei Jaime’, primeiramente devemos nos perguntar ‘Como citar uma escritura se não integralmente?’"

O estudioso SUD Hugh Nibley escreveu o seguinte em resposta a uma carta enviada ao editor da seção Church News do Deseret News. Sua resposta foi impressa no Church News, em 1961: [1]

[Um dos] argumento[s] mais devastador[es] contra o Livro de Mórmon era o de que ele realmente citava a Bíblia. Os primeiros críticos ficaram simplesmente chocados com a incrível estupidez de incluir grandes partes da Bíblia em um livro que, segundo eles, foi projetado especificamente para enganar o público leitor da Bíblia. Eles gritavam 'blasfêmia' e 'plágio' a plenos pulmões, mas hoje qualquer estudioso da Bíblia sabe que seria extremamente suspeito se um livro que pretendesse ser o produto de uma sociedade de emigrantes devotos de Jerusalém nos tempos antigos não citasse a Bíblia. Nenhuma escrita religiosa desse tamanho vinda dos hebreus poderia concebivelmente ser genuína se não fosse cheia de citações bíblicas.

... Para citar um outro escritor de Christianity Today [revista],[2] "retiradas na íntegra da Versão do Rei Jaime," como citado, não só do Antigo Testamento, mas também no Novo Testamento.

Quanto às passagens "retiradas na íntegra da Versão do Rei Jaime", devemos primeiramente perguntar: "Como citar uma escritura se não integralmente?" E por que alguém citando a Bíblia para leitores americanos de 1830 não seguiria a única versão da Bíblia conhecida?

Na verdade, as passagens bíblicas citadas no Livro de Mórmon, muitas vezes diferem da versão do Rei Jaime, mas se esta for correta, há mil razões para segui-la. Quando Jesus e os Apóstolos ou, por exemplo, o Anjo Gabriel, citam as escrituras do Novo Testamento, eles recitam de alguma cópia misteriosa do texto? Citam-nos em sua forma mais original? Será que eles dão as suas próprias versões inspiradas? Não, eles não o fazem. Eles citam a Septuaginta, uma versão grega do Antigo Testamento preparada no século III aC. Por quê? Porque esta era a versão padrão da Bíblia aceita pelos leitores do Novo Testamento grego. Quando "os homens santos de Deus" citam as escrituras, o fazem sempre na versão padrão aceita pelas pessoas para as quais eles estão se dirigindo.

Nós não reivindicamos que a versão do Rei Jaime da Septuaginta seja o original das escrituras - na verdade, ninguém na Terra hoje sabe onde as escrituras originais estão ou o que dizem. Homens inspirados em todas as épocas estão contentes em receber a versão mais aceita pelas pessoas com quem eles trabalham, com o Espírito dando correção onde correção for necessária.

Uma vez que o Livro de Mórmon é uma tradução, "com todas as suas falhas", para o inglês para as pessoas de língua inglesa cujos pais por gerações não conheceram outras escrituras senão a Bíblia no inglês padrão, seria sem sentido e confuso apresentar-lhes escrituras de qualquer outra forma, contanto que seus ensinamentos estivessem corretos.

O que é considerado uma séria investida contra o Livro de Mórmon hoje é que ele, sendo um livro escrito muito antes da época do Novo Testamento e do outro lado do mundo, na verdade cita o Novo Testamento! É verdade, é o mesmo Salvador falando em ambos, e o mesmo Espírito Santo, e por isso podemos esperar as mesmas doutrinas na mesma língua.

Mas o que dizer da passagem "Fé, Esperança e Caridade" em Moroni 7:45? Sua semelhança com 1 Coríntios 13 é inegável. Esta passagem em particular, recentemente apontada pelo ataque da [revista] Christianity Today, é realmente uma daquelas coisas que acabam por ser uma demonstração impressionante do Livro de Mórmon. Toda essa passagem, que os estudiosos rotularam como "o Hino à Caridade", foi mostrada no início deste século por um número de investigadores de primeira linha trabalhando de forma independente (A. Harnack, J. Weiss, R. Reizenstein) como não tendo se originado de forma alguma com Paulo, mas datar de uma fonte ainda mais antiga, mas desconhecida: Paulo está apenas citando-a a partir do registro.

Agora acontece que outros escritores do Livro de Mórmon também foram curiosamente inspirados em citar a partir do registro. Capitão Moroni, por exemplo, lembra seu povo de uma antiga tradição sobre as duas peças de vestuário de José, dizendo-lhes uma história detalhada que eu encontrei apenas no [th 'Alabi da Pérsia,] um comentário de mil anos de idade a respeito do Velho Testamento, uma obra ainda não traduzida e totalmente desconhecida para o mundo de Joseph Smith. Então eu não vejo como uma refutação, mas como uma confirmação da autenticidade do Livro de Mórmon quando tanto Paulo quanto Moroni citam de um escrito em hebraico, outrora conhecido, mas que agora está perdido.

Agora, com respeito [a] questão: "Por que Joseph Smith, um jovem fazendeiro americano do século XIX, traduziu o Livro de Mórmon para o Inglês do século XVII da Versão do Rei Jaime, em vez de em uma linguagem contemporânea?”

A primeira coisa a notar é que a "linguagem contemporânea" das pessoas do campo da Nova Inglaterra há 130 anos não estava tão longe da do Inglês da Versão do Rei Jaime da Bíblia. Mesmo os escritores da Nova Inglaterra das gerações posteriores, como Webster, Melville e Emerson, recorrerem em seus períodos mais impressionantes aos "tus e teus" em suas passagens mais sublimes.

∗       ∗       ∗

Além disso, o Livro de Mórmon é repleto de escrituras, e para o mundo dos dias de Joseph Smith, a versão do Rei Jaime era a Escritura como já observamos; grandes seções do Livro de Mórmon, portanto, tinham de ser escritas na linguagem da versão do Rei Jaime - e o que dizer do resto? Essas são escrituras também.

Pode-se pensar em um monte de argumentos para a utilização do inglês da Versão do Rei Jaime no Livro de Mórmon, mas a mais clara vem de experiência muito recente. Na década passada, como é sabido, certos textos não bíblicos antigos, descobertos perto do Mar Morto, foram traduzidos por leitores americanos modernos e contemporâneos. Abro aleatoriamente a tradução de um estudioso protestante contemporâneo dos Manuscritos do Mar Morto, e o que eu li? "Porque tua é a batalha, e pela força da tua mão seus cadáveres serão espalhados sem enterro. Golias, o hitita, um homem valoroso, fizeste entregar na mão do teu servo Davi".[3]

Obviamente, o homem que escreveu isto conhecia a Bíblia, e não devemos esquecer que antigos escribas eram conscientemente arcaicos em sua escrita, de modo que, provavelmente, a maiorias das escrituras foram escritas em linguagem antiquada desde o dia em que foram escritas. Apagar esse estilo antigo solene pelo mais recente uso cotidiano é traduzir falsamente.

De qualquer forma, o professor Burrows, em 1955 (e não 1835!), recorre naturalmente e sem desculpas para a linguagem da Bíblia King James. Ou tomemos um erudito moderno judaico que propositalmente evita arcaísmos em sua tradução dos pergaminhos para os leitores americanos modernos: "Todas as coisas estão inscritas diante de Ti em um registro de recordações, para cada momento do tempo, para os ciclos infinitos do ano, em suas diversas vezes nomeadas. Nenhuma das coisas está escondida, nada falta da tua presença. "[4] Professor Gaster, também, cai sob o feitiço da nossa linguagem religiosa. [Um exemplo mais recente do mesmo fenômeno no século XXI é discutida]aqui.]

Por francamente usar esse linguajar, o Livro de Mórmon evita a necessidade de ter que ser refeito em "inglês moderno" a cada trinta ou quarenta anos. Se as placas fossem traduzidas pela primeira vez hoje, elas ainda assim seriam traduzidas no inglês da versão do Rei Jaime!“.

Notas

  1. Church News, 29 July 1961: 10, 15. Reprinted in Hugh W. Nibley, The Prophetic Book of Mormon (Vol. 8 of the Collected Works of Hugh Nibley), (Salt Lake City, Utah : Deseret Book Company ; Provo, Utah : Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1989), 214–18. ISBN 0875791794. GospeLink (requires subscrip.) [Nibley's first edition of Since Cumorah cites such sources as R. Reitzenstein, in Nachrichter v. d. kgl. Ges. d. Wiss. zu Gottingen (1916): 362, 416, and 1917 Heft 1, pp. 130-151, and Historische Zeitschrift 116 (DATE?), pp. 189-202. A von Harnack, in Journal of Biblical Literature 50 (1931), pp. 266ff; cf. Alf. Resch, "Der Paulinismus u. die Logia Jesu," in Texte u. Untersuchungen. N. F. 13 (1904).]
  2. Nibley is responding to Wesley P. Walters, "Mormonism," Christianity Today 5/6 (19 December 1960): 8–10.
  3. Nibley is quoting Millar Burrows, The Dead Sea Scrolls (Michigan: Baker, 1955; reprinted 1978), 1:397.
  4. Nibley is quoting Theodore H. Gaster, The Dead Sea Scriptures (New York: Doubleday, 1964), 136.